Tríplice Diadema, de Castro Alves – Análise

Em Tríplice Diadema, poema de Castro Alves, mergulhamos nas profundezas da arte, refletindo sobre o poder criativo do artista e exaltando a beleza da figura feminina. Ele é dedicado a Eugênia Câmara, atriz portuguesa com quem o poeta se relacionou em vida.

Tríplice Diadema, de Castro Alves

No álbum de Eugênia Câmara

O ETERNO estatuário do infinito
Pega um dia do mármore… e sacode
Qual Fídias o cinzel,
Cava o buril abismos de beleza…
Surge a forma sutil como de Haidéia
— Deus se fez Rafael.

Contempla o Eterno sua obra e pasma…
Pensa e medita… após mergulha os dedos
Em abismos de luz…

— Pega uma estrela, pousa-te na fronte
Deu-te o poder de devassar os orbes
E os páramos azuis …

O que é mais do que a estátua e o gênio?… O anjo!
Ouve-se além, da terra se levanta
Um gemido de dor.
Qual de Pigmalião, de Deus um pranto
Rolou no seio da Madona pálida
Foi a gota do amor

Tens a beleza de uma Vênus grega!
Tens o gênio de Safo, ardente, mística!
De um anjo o coração!
Só tu cinges o Tríplice diadema —
— A beleza nas formas, — na alma o gênio
— E no seio — a paixão!

Análise do poema “No álbum de Eugênia Câmara”

Castro Alves, neste poema, apresenta uma ode à beleza perene e à criação artística. O poema começa com uma referência ao artista divino, o “Eterno estatuário do infinito”, revelando a grandiosidade da figura que esculpe a forma sutil e sublime em pedra, assim como Fídias, o famoso escultor da Antiguidade.

Ao contemplar sua própria criação, o Eterno medita e mergulha em abismos de luz, demonstrando seu poderoso senso de criação e transcendência. Através do poder divino, é possível devassar os orbes celestiais e os páramos azuis, ou seja, desvendar os mistérios e alcançar as alturas celestiais.

No entanto, mesmo com toda a excelência da estátua e do gênio criativo, Castro Alves destaca que há algo além: o anjo. Há um gemido de dor que se levanta da terra, e o pranto de Deus no seio da Madona pálida é a gota do amor. O poeta ressalta a importância do amor como essência da criação e da inspiração artística.

O poema culmina com a exaltação de Eugênia Câmara, que possui a beleza de uma Vênus grega, o gênio ardente e místico de Safo e o coração de um anjo. Ela é o ser humano que personifica o Tríplice diadema: a beleza nas formas, o gênio na alma e a paixão no seio.

Este poema é uma ode à criação artística e à figura feminina, destacando a importância do amor como fonte de inspiração. Através de suas metáforas e símbolos, Castro Alves nos leva a refletir sobre o poder transformador da arte e a conexão entre o divino e o humano.

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Alexandre Garcia Peres

Criador do site Literatura Online e Redator, Editor e Analista de SEO com três anos de experiência. Formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), com foco em literatura e TCC em Paulo Leminski. Fez um ano de especialização em Teoria da Literatura e sua maior área de interesse é a poesia brasileira, principalmente os poetas da segunda e terceira geração do romantismo.

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