Em “O Coração”, curto poema de Castro Alves, mas repleto de simbolismos profundos, o eu-lírico compara o coração a um colibri, espécie de pássaros também conhecida como “beija-flor”.
O coração humano, nesse caso, é descrito como algo puro e celestial, repleto de nobrezas e grandezas comuns às emoções humanas. Um tem o “mel da granadilha agreste”, flor de uma espécie do maracujá que produz um fruto delicioso e um néctar doce, além de beber perfumes que a “bonina” (a margarida) deu. O outro voa em jardins e florestas, pousa na flor de um riso, vive do mel das crenças e do aroma do amor.
O primeiro é o colibri, o segundo é o coração. Perceba que é difícil distinguir qual é a qual justamente porque ambos são, na visão do eu-lírico, equivalentes: ambos voam, provando a doçura e a beleza do mundo.
O Coração, de Castro Alves
O coração é o colibri dourado
Das veigas puras do jardim do céu.
Um — tem o mel da granadilha agreste,
Bebe os perfumes, que a bonina deu.
O outro — voa em mais virentes balças,
Pousa de um riso na rubente flor.
Vive do mel — a que se chama — crenças —,
Vive do aroma — que se diz — amor. —