O Coração, de Castro Alves

Em “O Coração”, curto poema de Castro Alves, mas repleto de simbolismos profundos, o eu-lírico compara o coração a um colibri, espécie de pássaros também conhecida como “beija-flor”.

O coração humano, nesse caso, é descrito como algo puro e celestial, repleto de nobrezas e grandezas comuns às emoções humanas. Um tem o “mel da granadilha agreste”, flor de uma espécie do maracujá que produz um fruto delicioso e um néctar doce, além de beber perfumes que a “bonina” (a margarida) deu. O outro voa em jardins e florestas, pousa na flor de um riso, vive do mel das crenças e do aroma do amor.

O primeiro é o colibri, o segundo é o coração. Perceba que é difícil distinguir qual é a qual justamente porque ambos são, na visão do eu-lírico, equivalentes: ambos voam, provando a doçura e a beleza do mundo.

O Coração, de Castro Alves

O coração é o colibri dourado
Das veigas puras do jardim do céu.
Um — tem o mel da granadilha agreste,
Bebe os perfumes, que a bonina deu.

O outro — voa em mais virentes balças,
Pousa de um riso na rubente flor.
Vive do mel — a que se chama — crenças —,
Vive do aroma — que se diz — amor. —

Pintura "Hummingbird and Passionflowers", de Martin Johnson Heade. Ilustrando o poema "O Coração", de Castro Alves, por justamente ambas envolverem um colibri.
Pintura "Hummingbird and Passionflowers", de Martin Johnson Heade. Ilustrando o poema "O Coração", de Castro Alves, por justamente ambas envolverem um colibri.
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Alexandre Garcia Peres

Criador do site Literatura Online e Redator, Editor e Analista de SEO com três anos de experiência. Formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), com foco em literatura e TCC em Paulo Leminski. Fez um ano de especialização em Teoria da Literatura e sua maior área de interesse é a poesia brasileira, principalmente os poetas da segunda e terceira geração do romantismo.

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