O poema “O ‘Adeus’ de Thereza” (ou “Teresa”, como também é grafado), de Castro Alves, é um poema lírico que fala sobre amor, despedida, perda. Ele é dividido em quatro partes, cada uma delas contendo um encontro diferente do eu-lírico com uma mulher chamada Thereza, a quem ele ama, mas não a mantém por perto.
Na primeira estrofe, o eu-lírico descreve o primeiro encontro que teve com Thereza, possivelmente em uma festa, onde dançaram uma valsa juntos. Depois disso, se despediram, trocando “adeus”.
Já na segunda estrofe, há um encontro entre os dois em uma alcova, em um quarto, em um momento de intimidade, onde trocam beijos e novamente se despedem. Na terceira estrofe, muito tempo depois, eles novamente voltaram a se encontrar, quando o eu-lírico retornou à casa. Porém, novamente precisaram se despedir com um “adeus”.
Por fim, na quarta e última estrofe, ele encontra Thereza em uma festa, mas surpreende-se ao vê-la com outro homem. Esta é a despedida final, marcada pela surpresa e pela dor da descoberta, tanto por parte do eu-lírico, quanto por parte de Thereza, que murmura seu último “adeus”. Porém, o fato de “adeus” estar entre aspas no título pode sugerir, em algumas interpretações, que aquele não foi de fato o adeus final, já que ambos ainda parecem nutrir sentimentos um pelo outro.
O “Adeus” de Thereza, de Castro Alves
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Questão de vestibular da PUC-RS
Em 2017, este poema de Castro Alves foi tema de uma questão do vestibular da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, voltando a popularizar-se no meio acadêmico. Na questão, o candidato precisava ler este poema de Castro Alves e compará-lo ao poema “Teresa”, de Manuel Bandeira, claramente inspirado no do poeta baiano.
Leia abaixo o poema “Teresa”, de Manuel Bandeira:
A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma pernaQuando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.
O poema de Manuel Bandeira estabelece uma clara relação de intertextualidade com o de Castro Alves, mas tendo uma abordagem mais popular. Ele abandona a linguagem rebuscada do romantismo brasileiro e faz uma versão mais honesta, direta e sem todo o idealismo dos poetas românticos.
No primeiro encontro, o eu-lírico observa as “pernas estúpidas” e a cara, que “parecia uma perna” (ou seja, era igualmente estúpida). No segundo encontro, os olhos são descritos como muito mais velhos do que o corpo; há um contato olho-no-olho, não mais de baixo para cima, pois ambos já estão mais maduros. No terceiro encontro, o eu-lírico não consegue mais distinguir céu e terra; o adeus é substituído por uma experiência cada vez mais profunda e transformadora de ver Teresa. Ele já não a enxerga mais como alguém de “pernas e cara estúpidas”, mas através de um olhar verdadeiramente apaixonado e sublime.