A transição literária de um Brasil colonial para um país com identidade própria surge com o Romantismo, um movimento que contrapôs o iluminismo e sua estética.
O que foi o Romantismo Brasileiro e quando ele surgiu?
O movimento artístico e filosófico conhecido como Romantismo começou a surgir no Brasil durante o período de transição chamado Pré-Romantismo, que se estendeu de 1808 a 1836.
Oficialmente, o Romantismo foi inaugurado no Brasil com a obra “Suspiros Poéticos”, de Gonçalves de Magalhães, levantando a bandeira de uma literatura voltada para a reflexão sobre a identidade nacional e questões sociais.
Este movimento de transição foi marcado por uma ruptura com os ideais clássicos e por uma valorização da sensibilidade e da individualidade.
Ao mesmo tempo, o Romantismo encontrou no Brasil um terreno fértil para explorar o nacionalismo e a busca por uma identidade cultural própria, embora na prática ainda tenha ficado muito preso às tendências europeias.
A importância do Romantismo para a Literatura Brasileira
Dentre os legados deixados pelo Romantismo na Literatura Brasileira, destacamos os seguintes:
- A criação de uma literatura nacionalmente reconhecida, com temáticas autenticamente brasileiras, com ênfase na língua nacional, na paisagem e nos símbolos do país.
- Ampliação da expressividade e da liberdade criativa dos autores.
- Influência política, através de obras que refletiam o contexto revolucionário e os sentimentos nacionalistas da época.
- Promoção de um interação entre literatura e outras esferas sociais. Como no caso dos poemas abolicionistas de Castro Alves.
- Rompeu com o modelo literário anterior, propondo novos padrões estéticos baseados na emoção e na valorização do indivíduo.
- Foi fundamental na construção do ideal de nação e de uma identidade brasileira, ao exaltar o passado histórico e a diversidade cultural do Brasil.
A poesia romântica
Na poesia, o Romantismo brasileiro favoreceu a criatividade e uma forma de expressão mais sentimental e subjetiva, com temas que iam desde o amor até elementos patrióticos.
Gonçalves Dias, por exemplo, destacou-se como um dos maiores poetas românticos, eternizando-se com clássicos como “Canção do Exílio” e “I-Juca-Pirama“.
A prosa romântica
A narrativa em prosa também foi marcada intensamente pelo Romantismo, que se dividiu basicamente em romances urbanos e romances regionais ou históricos. Estes últimos influenciados notadamente pelo socialismo utópico da época.
A prosa romântica abriu caminhos para reflexões sociopolíticas e para a construção de uma literatura que dialogava com os desejos e com a realidade do povo brasileiro.
Por exemplo, “Senhora“, de José de Alencar, retrata as nuances sociais e as relações amorosas na sociedade carioca da época.
O teatro romântico
Embora menos lembrado do que a prosa e a poesia, o teatro romântico foi outra frente importante para o desenvolvimento cultural do Brasil.
Contribuiu decisivamente para uma maior autonomia cultural e para a experimentação de formas inovadoras na arte de encenar, inserindo elementos brasileiros que rompiam com influências externas.
“O Noviço“, comédia de Martins Pena, reflete as características do Romantismo no contexto teatral brasileiro, misturando elementos de crítica social com o drama familiar. Além disso, ele usa a prosa para representar a fala dos personagens, uma inovação na época (já que, nos movimentos anteriores, o uso dos versos era predominante).
Referência
Com informações de Romantismo: A Formação da Literatura Brasileira, de Júlio Flávio Vanderlan Ferreira. Disponível em: <http://site.ufvjm.edu.br/revistamultidisciplinar/files/2011/09/ROMANTISMO-A-FORMA%C3%87%C3%83-DA-LITERATURA-BRASILEIRA_j%C3%BAlio-fl%C3%A1vio.pdf>