A Eugênia Câmara
AINDA UMA VEZ tu brilhas sobre o palco,
Ainda uma vez eu venho te saudar…
Também o povo vem rolando aplausos
Às tuas plantas mil troféus lançar…
Após a noite, que passou sombria,
A estrela-dalva pelo céu rasgou…
Errante estrela, se lutaste um dia,
Vê como o povo o teu sofrer pagou…
Lutar!… que importa, se afinal venceste?
Chorar!… que importa, se afinal sorris?
A tempestade se não rompe a estátua
Lava-lhe os pés e a triunfal cerviz.
Ouves o aplauso deste povo imenso,
Lava, que irrompe do poplar vulcão?
É o bronze rubro, que ao fundir dos bustos
Referve ardente do porvir na mão.
O povo o povo
Maldiz as trevas, abençoa a luz
Sentiu teu gênio e rebramiu soberbo:
— Pra ti altares, não do poste a cruz.
Que queres? Ouve! — são mil palmas férvidas,
Olha! — é o delírio, que prorrompe audaz.
Pisa! — são flores, que tu tens às plantas,
Toca no fronte — coroada estás.
Descansa, pois, como o condor nos Andes,
Pairando altivo sobre terra e mar,
Pousa nas nuvens pra arrogante em breve
Distante … longe … mais além voar.