Em “Onde Estás?”, poema do poeta romântico baiano Castro Alves, vemos um eu-lírico perguntando aos ventos onde está sua amada, expressando sua saudade e uma mistura de solidão e desespero.
Ao longo do poema, a amada é comparada a diversos objetos: a uma estrela em meio a uma tempestade, a uma rosa em um local desolado etc. Ou seja, a amada é uma espécie de ponto de equilíbrio e conforto para ele; sem ela, ele não pode ser feliz.
Há diversos outros poemas de Castro Alves que abordam o mesmo assunto, ou seja, a saudade de uma mulher amada, que se encontra distante. Como, por exemplo, “Noite de Amor“, no qual o poeta relembra uma noite de amor com sua amada, o que agora lhe causa tristeza.
Onde estás? – Castro Alves
É meia-noite… e rugindo
Passa triste a ventania,
Como um verbo de desgraça,
Como um grito de agonia.
E eu digo ao vento, que passa
Por meus cabelos fugaz:
“Vento frio do deserto,
Onde ela está? Longe ou perto?”
Mas, como um hálito incerto,
Responde-me o eco ao longe:
“Oh! minh’amante, onde estás?. . .
Vem! É tarde! Por que tardas?
São horas de brando sono,
Vem reclinar-te em meu peito
Com teu lânguido abandono! …
‘Stá vazio nosso leito…
‘Stá vazio o mundo inteiro;
E tu não queres qu’eu fique
Solitário nesta vida…
Mas por que tardas, querida?…
Já tenho esperado assaz…
Vem depressa, que eu deliro
Oh! minh’amante, onde estás? …
Estrela — na tempestade,
Rosa — nos ermos da vida;
lris — do náufrago errante,
Ilusão — d’alma descrida!
Tu foste, mulher formosa!
Tu foste, ó filha do céu! …
… E hoje que o meu passado
Para sempre morto jaz…
Vendo finda a minha sorte,
Pergunto aos ventos do Norte…
“Oh! minh’amante, onde estás?…”