Neste texto, iremos analisar a Ode 11, também chamada “Dos conselhos para o deleite da vida”, do famoso poeta romano Horácio, responsável por popularizar a expressão “carpe diem”.
Ode 11, de Horácio: Dos conselhos para o deleite da vida
Tu não questiones — é crime saber — o fim que para mim, que para ti
os deuses terão dado, ó Leucônoe, nem mesmo consultes
os números babilônicos. Quão melhor, o que quer que será, ser suportado!
Quer Júpiter te haja concedido muitos invernos, quer seja o último
o que agora quebra as tirrenas ondas contra as pedras,
sejas sábia, diluas os vinhos e, por ser breve a vida,
limites a longa esperança. Enquanto falamos, foge invejoso
o tempo: aproveita o dia, minimamente crédula no amanhã.
(Tradução extraída de Odes e Canto Secular, da editora Viva Voz, com organização de Heloísa Penna e Júlia Avellar, via UFMG).
Versão em latim
Tu ne quaesieris, scire nefas, quem mihi, quem tibi
finem di dederint, Leuconoe, nec Babylonios
temptaris numeros. ut melius, quidquid erit, pati.
seu pluris hiemes seu tribuit Iuppiter ultimam,
quae nunc oppositis debilitat pumicibus mare
Tyrrhenum: sapias, vina liques, et spatio brevi
spem longam reseces. dum loquimur, fugerit invida
aetas: carpe diem quam minimum credula postero
Análise do poema “Ode 11 – Dos conselhos para o deleite da vida”
Nesta ode, Horácio nos apresenta um discurso filosófico sobre a natureza da vida e a importância de viver o presente. O poeta se dirige a Leucônoe, aconselhando-a a não ser curiosa em relação ao destino que os deuses lhe reservaram, nem mesmo consultar os astrólogos babilônicos. Horácio afirma que é melhor aceitar o que vier, seja uma vida longa ou curta, e aprender a suportá-la.
O poeta menciona Júpiter, o deus supremo da mitologia romana, que tanto pode conceder muitos invernos como apenas um só. Ele destaca a necessidade de sabedoria diante da efemeridade da vida, sugerindo que Leucônoe dilua seus vinhos e limite suas expectativas. Horácio enfatiza que o tempo é invejoso e foge constantemente, portanto, é crucial aproveitar o dia e ter pouca confiança no amanhã.
O tema central da ode é a transitoriedade da existência humana e a importância de se viver o presente. Horácio nos incita a refletir sobre o inevitável destino que nos aguarda e nos mostra que a sabedoria está em aceitar a realidade e encontrar a felicidade nas pequenas coisas da vida.
Nas entrelinhas, Horácio nos ensina sobre a importância do carpe diem, expressão em latim que significa “aproveite o dia”. Ele nos lembra que o tempo é fugaz e que devemos aproveitar cada momento, sem nos preocupar excessivamente com o futuro. A mensagem que o poeta nos transmite é atemporal e nos faz refletir sobre como estamos vivendo nossas vidas hoje.