O que é o Determinismo na Literatura?

A literatura é uma forma de arte que explora os diferentes aspectos da vida humana e da condição humana. Dentre esses aspectos, um tema recorrente é o determinismo, uma corrente teórica que afirma que há um conjunto de condições que determinam as ações das pessoas no mundo.

Neste texto, vamos explorar o conceito de determinismo na literatura, sua influência nas histórias narradas e como ele se manifesta em obras literárias.

O que é o determinismo na literatura?

O que é o Determinismo na Literatura

Pintura representando Édipo, já cego, ao lado de sua filha

O determinismo na literatura é uma abordagem que busca retratar as ações dos personagens como inevitáveis e determinadas por uma série de fatores. Esses fatores podem ser influenciados pelo meio em que os personagens estão inseridos, por fatores genéticos, contexto religioso, entre outros elementos. A ideia central é que as escolhas e ações dos personagens são resultados de uma interligação de vários elementos no Universo.

Por exemplo: Em uma história, João vive em uma ilha onde todos viram pescadores por conta do clima e das tradições. Assim sendo, ele também se torna pescador, como seus pais e avós, porque a ilha valoriza essa profissão e o sugestiona a aceitá-la para si. O determinismo literário é quando as escolhas de João são influenciadas pela ilha, clima, tradições e família, e ele se torna pescador como algo inevitável.

Na literatura, o determinismo se relaciona com a noção de destino e da impossibilidade de fugir daquilo que está predestinado a acontecer.

Essa temática tem suas raízes na mitologia grega, em que o determinismo ficou conhecido como fatalismo, como na famosa peça “Édipo Rei“, de Sófocles, em que uma profecia determina que Édipo matará seu pai e dormirá com sua mãe. Como esse é o seu destino, nada que ele fizesse poderia afastá-lo disso.

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Exemplo de determinismo na literatura: O Cortiço

Um exemplo marcante de determinismo na literatura é o romance brasileiro “O Cortiço“, escrito por Aluísio Azevedo. Publicado em 1890, o livro retrata a vida dos moradores de um cortiço no Rio de Janeiro do século XIX. A obra apresenta um retrato cru da sociedade da época, evidenciando como as condições de vida e o meio em que os personagens estão inseridos determinam seus destinos.

No contexto de “O Cortiço”, os personagens são retratados como seres subjugados ao ambiente em que vivem. As condições precárias do cortiço, a falta de oportunidades e o instinto de sobrevivência acabam por direcionar suas ações e escolhas. É uma visão impiedosa da realidade em que os personagens são meras marionetes nas mãos do determinismo social.

No decorrer da narrativa, é possível perceber como a herança genética e o meio influenciam diretamente na construção dos indivíduos e determinam seus destinos trágicos. A obra denuncia a exploração do ser humano e a falta de liberdade para escolher seu próprio caminho, evidenciando como todas as ações são consequências de uma teia de eventos predestinados.

Assim como na tragédia grega “Édipo Rei”, em “O Cortiço” os personagens tentam, em vão, escapar de seu destino, mas acabam sendo engolidos pelas forças que os cercam. O determinismo se manifesta nas ações dos personagens, nas relações sociais e nas limitações impostas pela sociedade em que vivem.

Um exemplo é o personagem João Romão, que ascende socialmente através da exploração de seus semelhantes, mas é consumido pelo próprio poder que acumula. Já Jerônimo, apesar de tentar fugir dos instintos e paixões que o aprisionam ao cortiço, também acaba sendo levado ao trágico destino reservado a ele.

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Alexandre Garcia Peres

Criador do site Literatura Online e Redator, Editor e Analista de SEO com três anos de experiência. Formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), com foco em literatura e TCC em Paulo Leminski. Fez um ano de especialização em Teoria da Literatura e sua maior área de interesse é a poesia brasileira, principalmente os poetas da segunda e terceira geração do romantismo.

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