O poema “Não Sabes”, de Castro Alves, é um ótimo exemplo do romantismo brasileiro: ele representa a dor de um amor não-correspondido, um dos principais temas dos poemas desse movimento.
Ao longo de todo o poema, o eu-lírico fala sobre coisas que a sua amada não sabe: o quanto ele suspira de amor por ela, o quanto ele, triste sozinho, pensa nela etc. A paixão que ele sente por ela o mantém acordado dia e noite — aliás, o poema começa justamente com uma descrição do luar, com a pálida lua flutuando na amplidão do céu com “fatal palor”, ou seja, com uma palidez mortífera.
Isso porque o eu-lírico diz que sua vida depende do amor da mulher a quem ele dedica o poema: sua paixão o consome, torna-o dependente emocional. Ao mesmo tempo, teme profundamente que o amor não seja correspondido e ele vire alvo de desprezo. Ele diz literalmente, no final, que o seu futuro está nas mãos dela.
Não sabes, de Castro Alves
QUANTA ALTA noite n’amplidão flutua
Pálida a lua com fatal palor,
Não sabes, virgem, que eu por ti suspiro
E que deliro a suspirar de amor.
Quando no leito entre sutis cortinas
Tu te reclinas indolente aí,
Ai! Tu não sabes que sozinho e triste
Um ser existe que só pensa em ti.
Lírio dest’alma, sensitiva bela,
És minha estrela, meu viver, meu Deus.
Se olhas — me rio, se sorris — me inspiro,
Choras — deliro por martírios teus.
E tu não sabes deste meu segredo
Ah! tenho medo do teu rir cruel!…
Pois se o desprezo fosse a minha sorte
Bebera a morte neste amargo fel.
Mas dá-me a esp’rança num olhar quebrado,
Num ai magoado, num sorrir dó céu,
Ver-me-ás dizer-te na febril vertigem
“Não sabes, virgem? Meu futuro é teu”!
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