Improviso, de Castro Alves

Como o nome sugere, Castro Alves recitou este poema de improviso, dirigindo-o à Mocidade Acadêmica da época e fazendo um forte apelo para que a juventude se erga diante de uma certa “infâmia” que tomou conta do país.

Castro Alves estudou direito e ficou conhecido não apenas como o “Poeta dos Escravos”, pela defesa da abolição da escravatura, que já explicamos aqui, mas também pelos ideais republicanos. Bastante militante, ele defendia o fim da monarquia e a instauração do Republicanismo no Brasil ao lado inclusive de um dos principais representantes do movimento: Rui Barbosa, de quem ele era amigo.

Neste poema fica claro o seu espírito combativo, republico e de combate às instituições vigentes na época. A “infâmia” da qual ele fala, que “cobre a todos de sangue”, pode ser justamente a escravidão, já que o Brasil Império era escravagista.

Tudo indica que o poema foi realmente feito de improviso, já que é sabido que ele tinha o dom de improvisação de poemas. Quando gostava de algum espetáculo teatral, por exemplo, ele improvisava poemas dedicados aos atores e às atrizes.

Improviso, de Castro Alves

(À MOCIDADE ACADÊMICA)

Moços! A inépcia nos chamou de estúpidos!
Moços! O crime nos cobriu de sangue!
Vós os luzeiros do país, erguei-vos!
Perante a infâmia ninguém fica exangue

Protesto santo se levanta agora,
De mim, de vós, da multidão, do povo;
Somos da classe da justiça e brio,
Não há mais classe ante esse crime novo!

Sim! mesmo em face, da nação, da pátria,
Nós nos erguemos com soberba fé!
A lei sustenta o popular direito,
Nós sustentamos o direito em pé!

Parte da pintura "Alegoria da República", de Manuel Lopes Rodrigues. Ilustrando o poema "Improviso", de Castro Alves.
Parte da pintura "Alegoria da República", de Manuel Lopes Rodrigues. Ilustrando o poema "Improviso", de Castro Alves.

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