ENEM 2016 – Questão 121 da prova azul do segundo dia

Antiode
Poesia, não será esse
o sentido em que
ainda te escrevo:
flor! (Te escrevo:
flor! Não uma
flor, nem aquela
flor-Virtude – em disfarçados urinóis).
Flor é a palavra
flor; verso inscrito
no verso, como as
manhãs no tempo.
Flor é o salto
da ave para o voo:
o saltofora do sono
quando seu tecido
se rompe; é uma explosão
posta a funcionar,
como uma máquina,
uma jarra de flores.

MELO NETO, J. C. Psicologia da composição Rio de Janeiro Nova Fronteira, 1997 (fragmento)

A poesia é marcada pela recriação do objeto por meio da linguagem, sem necessariamente explicá-lo. Nesse fragmento de João Cabral de Melo Neto, poeta da geração de 1945, o sujeito lírico propõe a recriação poética de:

  • A) uma palavra, a partir de imagens com as quais ela pode ser comparada, a fim de assumir novos significados.
  • B) um urinol, em referência às artes visuais ligadas às vanguardas do início do século XX.
  • C) uma ave, que compõe, com seus movimentos, uma imagem historicamente ligada à palavra poética.
  • D) uma máquina, levando em consideração a relevância do discurso técnico-científico pós-Revolução Industrial.
  • E) um tecido, visto que sua composição depende de elementos intrínsecos ao eu lírico.

Resposta correta

A resposta correta para essa questão é a LETRA A.

No fragmento do poema “Antiode”, o sujeito lírico propõe a recriação poética de uma palavra, a partir de imagens com as quais ela pode ser comparada, a fim de assumir novos significados.

João Cabral de Melo Neto utiliza a palavra “flor” como ponto de partida para explorar sua essência e suas múltiplas possibilidades de sentido. Através de imagens e comparações, o poeta transforma a palavra em uma metáfora viva, capaz de despertar emoções e reflexões.

No contexto do poema, a palavra “flor” é explorada em contraste com a ideia convencional que muitos têm dela. O poeta afirma que não se trata de uma simples flor, nem aquela associada à virtude e que é frequentemente retratada em disfarçados urinóis. Essa afirmação já aponta para a abordagem inovadora que o poema irá adotar ao recriar a palavra “flor”.

Ao longo do poema, o poeta estabelece diversas associações entre a palavra “flor” e outros elementos, como a ave, o tempo e uma máquina. Cada associação contribui para a criação de novos significados e amplia a percepção do leitor em relação à palavra central do poema. Através dessas associações, o poeta consegue transmitir a ideia de que a palavra “flor” vai além de sua aparência física e representa um salto, uma explosão de significados.

A recriação poética da palavra “flor” permite ao leitor mergulhar em um universo simbólico, onde a linguagem se transforma em imagens e sensações. O poema provoca uma reflexão sobre o poder transformador da poesia e como ela pode reinventar o mundo ao nosso redor.

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Alexandre Garcia Peres

Criador do site Literatura Online e Redator, Editor e Analista de SEO com três anos de experiência. Formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), com foco em literatura e TCC em Paulo Leminski. Fez um ano de especialização em Teoria da Literatura e sua maior área de interesse é a poesia brasileira, principalmente os poetas da segunda e terceira geração do romantismo.

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