by A literatura brasileira, rica em vozes e narrativas diversas, ganha profundidade e autenticidade com as contribuições dos autores negros. Suas obras oferecem perspectivas únicas sobre a sociedade e cultura brasileira e são fundamentais para a compreensão do nosso cenário literário.
Apesar de sua importância, nem sempre recebem o devido destaque nos cânones literários. Destacamos a seguir sete autoras e autores negros que todos deveriam conhecer.
1 – Maria Firmina dos Reis
Maria Firmina dos Reis, maranhense nascida em 1822, é um marco literário e social do Brasil. Sua história marca a superação das barreiras raciais e sociais da época, sendo professora e escritora destacada. Inaugurou a primeira escola mista gratuitamente no Maranhão.
Seus poemas e contos refletem seu ativismo abolicionista e pela igualdade social. Autora de “Úrsula”, reconhecido como o primeiro romance abolicionista feminino em português, Maria Firmina dos Reis teve sua importância redescoberta nas últimas décadas e hoje é celebrada por sua contribuição à literatura brasileira. Ela faleceu em 1917, aos incríveis 95 anos.
- Comece lendo: Úrsula (1859)
2 – Luís Gama
Nascido na Bahia em 1830, Luís Gama é uma figura central na literatura e no movimento abolicionista brasileiro. Filho de uma negra livre e de pai branco, foi vendido como escravo aos 10 anos, conquistando novamente a liberdade aos 17.
Autodidata e advogado, defendeu inúmeros escravizados e atuou ativamente na luta pelo fim da escravidão e da monarquia. Sua obra reflete o combate às injustiças do sistema escravocrata.
Seu reconhecimento ganhou força após sua morte, culminando em 2018 quando seu nome foi perpetuado no Livro de Aço dos heróis nacionais do Brasil. Luís Gama faleceu em São Paulo em 1882.
- Comece lendo: Primeiras Trovas Burlescas do Getulino (1859-1861)
3 – Machado de Assis
Machado de Assis, nascido no Rio de Janeiro em 1839, é um dos nomes mais expressivos da literatura brasileira. Filho de pais libertos e de uma imigrante portuguesa, ascendeu por meio de uma trajetória de superação. Sua genialidade literária o levou a atuar como cronista, poeta, romancista e teatrólogo.
Presenciou grandes eventos históricos do Brasil, refletindo-os em sua obra. Inaugurou o Realismo literário no Brasil e sua “Trilogia Realista” é essencial no patrimônio cultural do país.
Machado de Assis também presidiu a Academia Brasileira de Letras e é nome de um prestigiado prêmio literário nacional.
- Comece lendo: Dom Casmurro (1899)
4 – Cruz e Sousa
O poeta simbolista João da Cruz e Sousa, nascido em 1861, filho de ex-escravos alforriados, é considerado uma figura icônica da literatura brasileira. Tendo acesso a uma educação de qualidade, Cruz e Sousa se tornou poliglota e contribuiu para o jornalismo ativo contra a escravidão.
Sua chegada no cenário literário se deu com a publicação de “Missal e Broquéis” em 1893.
- Comece lendo: Missal e Broquéis (1893)
5 – Carolina Maria de Jesus
Carolina Maria de Jesus, mineira nascida em 1914, transformou sua vivência na favela do Canindé em São Paulo em literatura pungente. Sua obra-prima, “Quarto de Despejo: Diário de uma favelada”, trouxe reconhecimento nacional e internacional, pela linguagem crua e direta ao retratar a luta pela sobrevivência nas periferias.
Ela foi uma das primeiras escritoras negras a ganhar visibilidade no Brasil e inspirou gerações posteriores de autores. A importância de sua obra transcende as fronteiras, despertando interesse de pesquisadores de diversos países.
Carolina Maria de Jesus faleceu em 1977, deixando um legado valioso para a literatura engajada com a realidade social.
- Comece lendo: Quarto de Despejo: Diário de Uma Favelada (1960)
6 – Conceição Evaristo
Nascida em Belo Horizonte em 1946, Conceição Evaristo se mudou para o Rio de Janeiro nos anos 1970 para prosseguir com sua formação acadêmica. Graduada em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e mestra em Literatura Brasileira pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), ela se estabeleceu como referência nos estudos sobre literatura africana e afro-brasileira.
Evaristo iniciou sua trajetória literária com a série Cadernos Negros na década de 90, explorando gêneros como ficção, poesia e ensaio. Dentre seus trabalhos destacam-se o romance “Ponciá Vicêncio” e a coletânea “Olhos D’água”, ambos reconhecidos nacional e internacionalmente.
- Comece lendo: Ponciá Vivêncio (2003)
7 – Abdias Nascimento
Nascido em 14 de março de 1914 e falecido em 23 de maio de 2011, Abdias Nascimento, conhecido tanto por seu ativismo pelos direitos humanos de março de quanto por sua literatura, teve um papel fundamental na luta antirracista no Brasil.
Fundador de diversas organizações, incluindo o Teatro Experimental do Negro (TEN), Nascimento exerceu grande influência no país e no exterior, especialmente durante seu exílio pelo regime militar. De volta ao Brasil, continuou seu trabalho político e acadêmico, reconhecido internacionalmente com uma indicação ao Prêmio Nobel da Paz em 2010.
- Comece lendo: O Genocídio do negro brasileiro: Processo de um racismo mascarado (1978)
