A Eugênia, de Auta de Souza – Análise

Em “A Eugênia”, de Auta de Souza, vemos a representação de um amor idealizado e sonhador, repleta de metáforas e simbolismos.

“A Eugênia”, de Auta de Souza

Imagem santa que entrevejo em sonho,
Sempre, sempre a cantar,
Criatura inocente, anjo risonho,
Que me ensinaste a amar!

Meu doce amor! Calhandra maviosa
Que canta dentro em mim;
Minha esperança tímida e formosa,
Meu sonho de marfim!

Amaranto do Céu, flor encantada,
Mimoso colibri;
Minha açucena pálida e magoada,
Meu níveo bogari;

Gota de orvalho a tremular n’um lírio
Que mal começa a abrir;
Ó tu que apagas meu cruel martírio
E que me fazes rir;

Madressilva entreaberta, lira de ouro,
Celeste beija-flor;
Minha camélia, meu sorriso louro,
Amor de meu amor;

Guarda estes versos que só dizem mágoa
E tristezas sem fim…
Deixa-os no seio como a gota d’água
No cálix de um jasmim…

Análise do poema “A Eugênia”

“A Eugênia” é um poema que expressa um amor idealizado e sonhador. Através de uma linguagem delicada e cheia de metáforas, Auta de Souza cria uma imagem da pessoa amada como uma figura celestial e pura, capaz de trazer felicidade e poesia à vida do eu lírico.

O poema começa com a imagem da imagem santa que surge em sonhos, representando uma divindade ou entidade espiritual. Essa figura é descrita como um anjo risonho que ensina o eu lírico a amar. Aqui, Auta de Souza explora a ideia de que o amor é algo sublime e inspirador, capaz de transformar a vida de uma pessoa.

Ao longo do poema, a amada é comparada a diversas imagens e elementos da natureza, como uma calhandra, uma flor encantada, um colibri, uma açucena pálida, um lírio com gota de orvalho, uma madressilva, uma lira de ouro, uma camélia e um sorriso louro. Essas metáforas ressaltam a beleza e a delicadeza da amada, ao mesmo tempo em que a elevam a um patamar divino, celestial.

O eu lírico expressa seu desejo de que esses versos, que revelam suas dores e tristezas, sejam guardados no coração da pessoa amada, assim como uma gota de água repousa no cálice de um jasmim. Essa última imagem reforça a temática da pureza e da beleza, além de simbolizar a esperança de que o amor seja eterno.

Pintura "Camille Monet and a Child in the Artist’s Garden at Argenteuil", 1875, de Claude Monet, ilustrando o poema A Eugênia, de Auta de Souza.
Pintura "Camille Monet and a Child in the Artist’s Garden at Argenteuil", 1875, de Claude Monet, ilustrando o poema A Eugênia, de Auta de Souza.
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Alexandre Garcia Peres

Criador do site Literatura Online e Redator, Editor e Analista de SEO com três anos de experiência. Formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), com foco em literatura e TCC em Paulo Leminski. Fez um ano de especialização em Teoria da Literatura e sua maior área de interesse é a poesia brasileira, principalmente os poetas da segunda e terceira geração do romantismo.

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