Poema Visual: o que é, exemplos e mais

Um poema visual é uma forma de poesia que faz uso de elementos visuais e textuais para passar uma mensagem. Ou seja, brinca com as palavras e ao mesmo tempo com a disposição dessas palavras na folha (ou qualquer outro tipo de suporte) a fim de criar algum impacto visual.

O que é um poema visual?

Resumidamente, um poema visual é aquele que mistura elementos textuais (palavras, frases, versos) com elementos visuais (formatos, desenhos). O autor escolhe onde vai posicionar cada parte a fim de obter um resultado que causa impacto visual, com o poema podendo ser contemplado como uma obra de arte.

Na maior parte dos casos de poesia visual, há uma relação entre a aparência física do poema e o seu conteúdo textual. Por exemplo: imagine um poema visual cujos versos falam sobre amor e, ao mesmo tempo, ele é organizado na página de modo que as palavras formem um coração.

Esse tipo de poema é bastante experimental, pois rompe com os modelos tradicionais de versos. Embora exista há milênios (um exemplo antigo é o poema O Ovo, de Símias de Rodes, escrito no ano de 325 a.C.), ele ganhou bastante força a partir do movimento da Poesia Concreta no século XX.

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Exemplos de poemas visuais

Para entender melhor, confira a seguir três exemplos de poemas visuais, com uma análise detalhada de cada um deles.

1 – Luxo Lixo, de Augusto de Campos

Neste famoso poema concreto, o poeta brasileiro Augusto de Campos repete exaustivamente a palavra “luxo” e, vendo de um panorama maior, a disposição das palavras resulta na palavra “lixo”.

Opondo duas palavras que são antônimas, ou seja, contrárias, o poeta faz uma crítica ao consumismo desenfreado e ao desperdício da sociedade capitalista contemporânea. Ele estabelece uma relação entre o luxo e desperdício, passando a ideia de que muitas vezes o luxo acaba resultando em lixo, trazendo consequências drásticas para o planeta.

Esse poema é um ótimo exemplo da relação inseparável entre o visual e o textual. Caso lêssemos apenas “luxo”, sem nos atentarmos ao plano maior, que forma a palavra “lixo”, não entenderíamos o sentido do poema.

2 – Velocidade, de Ronaldo Azeredo

Já este poema de Ronaldo Azeredo explora as ideias de velocidade e movimento e utiliza letras e palavras para criar uma sensação de dinamismo. Ele rompe com a noção do verso, já que é composto apenas por uma repetição da letra “v” que vai gradativamente se tornando a palavra “velocidade”.

Pela repetição da letra V e pela disposição na folha, esse poema traz elementos de sonoridade e geometria. As letras grandes e em negrito também passam a sensação de urgência e de alta velocidade da sociedade contemporânea.

A formação da palavra “velocidade” acontece na diagonal, o que também contribui para a sensação de movimento ascendente e acelerado que o poema passa.

3 – “Até ela”, de Paulo Leminski

Por fim, neste poema do poeta curitibano Paulo Leminski, as letras das palavras são propositalmente desmembradas e o motivo disso tem relação com o conteúdo.

Há no poema uma brincadeira com a palavra “pé”, que vira “pétala”, mas a brincadeira maior é visual: como se estivesse tirando pétala por pétala de uma flor, Leminski “despetala” as palavras, cujas sílabas e letras vão voando pelo ar como pétalas de flores.

Como fazer um poema concreto?

Gostou de conhecer um pouco mais sobre poemas visuais e ficou tentado(a) a fazer um você também? Pois confira a seguir as dicas que separamos!

  1. Escolha um tema: sobre o que vai ser o seu poema? Sobre amor? Família? Natureza? Ter o tema bem delimitado é fundamental para a construção do poema. Caso a criatividade esteja em falta, procure inspiração em alguns poemas concretistas famosos.
  2. Trabalhe as palavras: antes de montar o arranjo visual maior, escolha as palavras que você deseja utilizar em seu poema. É importante que elas tenham relação com o tema definido e possam criar um efeito sonoro e visual interessante.
  3. Brinque com a disposição visual das palavras. Lembre-se: na poesia visual, a folha, os espaços em branco, os espaçamentos, as quebras de linha e de palavra, tudo isso faz parte do poema. Organize e desorganize as palavras escolhidas e veja os efeitos que cada arranjo cria.
  4. Tente adicionar outros elementos visuais, como linhas, formas e até mesmo cores. Sendo bastante experimental, não há amarras na poesia visual!
  5. Para a versão definitiva do seu poema concreto, escolha um suporte adequado. Ou seja, escolher onde ele será representado: em um papel normal, em uma placa de madeira ou de aço, em um tecido, em formato digital etc. Escolha aquele que melhor se adapta à sua necessidade criativa.
  6. Por fim, com tudo em seus devidos lugares, basta revisar, editar e lançar ao mundo!

Lembrando que os passos acima são apenas sugestões, pois, sendo uma forma de arte, não há limite para a poesia visual e concreta.

Caso queira ver seu poema visual publicado aqui no site Literatura Online, basta enviá-lo por e-mail para faleconosco@literaturaonline.com.br/.

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Alexandre Garcia Peres

Criador do site Literatura Online e Redator, Editor e Analista de SEO com três anos de experiência. Formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), com foco em literatura e TCC em Paulo Leminski. Fez um ano de especialização em Teoria da Literatura e sua maior área de interesse é a poesia brasileira, principalmente os poetas da segunda e terceira geração do romantismo.

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