O poema “Auxilia”, psicografado por Chico Xavier e atribuído ao espírito de Auta de Souza, é um convite à prática da caridade e da solidariedade. Ele nos lembra da importância de olhar para aqueles que sofrem e, sempre que possível, agir para aliviar suas dores, seguindo os exemplos de amor e compaixão ensinados por Cristo.
Auxilia, de Auta de Souza
Ouve!… Ruge, lá fora, a ventania…
E enquanto o lar ditoso te acalenta,
Há quem padece os golpes da tormenta
Suportando a ansiedade e a noite fria.
Repara a estrada longa, erma e sombria…
Eis que a dor te acompanha, amarga e atenta.
Desce do altar de luz que te apascenta
E socorre a miséria que te espia.
Ajuda e sentirás em resplendores
Luzes e auroras, júbilos e flores
A brotar dos charcos em que pises!…
Estrelas fulgirão sobre os teus passos…
É que o Cristo do amor te estende os braços
Junto às chagas dos grandes infelizes!…
(Psicografado em Pedro Leopoldo, MG, em 25 de março de 1956.)
Análise do poema “Auxilia”, de Auta de Souza
“Auxilia” começa com um chamado forte e direto: “Ouve!… Ruge, lá fora, a ventania…”. A autora nos faz refletir sobre a diferença entre aqueles que vivem em segurança, protegidos pelo “lar ditoso”, e aqueles que enfrentam o frio, a ansiedade e a solidão. A ventania aqui é uma metáfora para os desafios da vida, que afetam duramente os mais vulneráveis. Essa introdução já nos convida a sair da nossa bolha de conforto e prestar atenção nas dores que existem ao nosso redor.
Nos versos seguintes, Auta de Souza reforça a necessidade de agir. Ela escreve: “Desce do altar de luz que te apascenta / E socorre a miséria que te espia”. Esse trecho é um alerta sobre o perigo de ficarmos acomodados em nossa própria felicidade ou espiritualidade. O “altar de luz” pode até ser uma posição confortável, mas a verdadeira bondade exige esforço e humildade. A expressão “socorre a miséria que te espia” sugere que o sofrimento dos outros está sempre próximo, nos observando, esperando por nossa ajuda.
Nos versos seguintes, o poema mostra o impacto positivo da caridade. Há a promessa de que quem ajuda sentirá “Luzes e auroras, júbilos e flores / A brotar dos charcos em que pises”. Ou seja, há a ideia de que o ato de ajudar transforma tanto quem recebe quanto quem doa. Mesmo em situações difíceis, simbolizadas pelos “charcos”, terrenos baixos, alagadiços, onde a água estagnada se espalha, podem surgir flores e luz, representando alegria e beleza. A caridade não apenas melhora a vida do outro, mas também traz felicidade e crescimento espiritual para quem pratica o bem.
Na estrofe final, Auta de Souza conecta o ato de ajudar ao exemplo de Cristo. Quando ela diz “Estrelas fulgirão sobre os teus passos”, a ideia é de que aqueles que praticam a bondade recebem uma espécie de iluminação em sua jornada. A figura de “Cristo do amor” estendendo os braços ao lado dos sofredores reforça ainda mais a ideia de que a verdadeira espiritualidade está em estar presente ao lado dos necessitados. Afinal, Cristo se faz presente no ato de cuidar e aliviar as dores do próximo.
“Auxilia” é um poema que nos faz refletir sobre a importância de sair da zona de conforto para ajudar quem mais precisa. Com palavras simples e cheias de significado, Auta de Souza nos lembra que a caridade é um gesto que transforma o mundo e enriquece a alma. A mensagem do poema é clara: quando você estende a mão ao próximo, você segue o exemplo de Cristo e encontra um caminho de luz, amor e paz.
Esse poema é um lembrete poderoso de que pequenas ações trazem grandes mudanças na vida de quem sofre — e na nossa também.