Como Shakespeare morreu?

William Shakespeare, um dos maiores escritores de todos os tempos, deixou um legado imenso para a literatura não apenas da Inglaterra, mas do mundo todo. Sua obra, composta por peças teatrais, sonetos e poemas, é estudada, admirada e adaptada para o cinema e para a televisão até hoje. Mas, afinal, como Shakespeare morreu?

Neste artigo do Literatura Online, vamos explorar as circunstâncias e possíveis causas da morte do autor. Mas já adiantamentos: o mistério é grande até hoje!

Contexto histórico da época de Shakespeare

Antes de falarmos mais sobre a morte de William Shakespeare, é importante entender o contexto histórico em que este gênio da literatura viveu.

Nascido em 1564, na cidade de Stratford-upon-Avon, na Inglaterra, Shakespeare viveu durante o período conhecido como Renascimento Inglês, época de muita (muita mesmo!) produção cultural e artística. Você já deve ter ouvido falar do Renascimento Italiano, que teve gênios como Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael Sanzio etc. Pois é, a Inglaterra também teve uma explosão artística, criativa e humanitária nesta época.

O Renascimento Inglês foi um período de grandes importantes transformações sociais, políticas e religiosas. Esse período, aliás, ajudou a Inglaterra a se consolidar como uma nação.

Nesse “palco” de efervescência cultural e transformações drásticas, o teatro elisabetano, nome dado em homenagem à rainha Elizabeth I, teve papel fundamental na vida de Shakespeare, que trabalhou como ator, escritor e empresário teatral, fazendo parte e colaborando muito com a companhia teatral “Lord Chamberlain’s Men”, mais tarde renomeada “King’s Men” durante o reinado de James I. Ou seja, literalmente “Homens do Rei”.

Como Shakespeare morreu?

Uma representação de William Shakespeare segurando um crânio, como na peça Hamlet. Imagem gerada pelo Bing Image Creator

Uma representação de William Shakespeare segurando um crânio, como na peça Hamlet. Imagem gerada pelo Bing Image Creator

Sem mais enrolação, vamos ao que interessa: como Shakespeare morreu? Como comentamos na introdução, a morte do autor é cercada de mistério, já que não há registros 100% confiáveis sobre os motivos ou a causa exata de sua passagem para o pós-vida. Entretanto, existem algumas teorias que tentam explicar o que pode ter acontecido, e você verá algumas delas a seguir.

William Shakespeare faleceu no dia 23 de abril de 1616, aos 52 anos, na cidade de Stratford-upon-Avon, na Inglaterra.

Uma das teorias, justamente a que mais atiça a curiosidade do povo, é a de que Shakespeare tenha sido envenenado ou assassinado. Essa teoria ganha força pelo fato fato de que muitas pessoas da época morriam de forma misteriosa, e o envenenamento era uma prática comum. Além disso, alguns estudiosos acreditam que havia rivalidades e intrigas no mundo do teatro que poderiam ter levado a esse desfecho digno de uma tragédia shakespeariana.

Às vezes, o envenenamento não era nem proposital. Por exemplo: estudiosos hoje debatem a possibilidade de a já mencionada Rainha Elizabeth I ter morrido envenenada, mas não por inimigos ou espiões, e sim por sua maquiagem, a famosa “Venetian Ceruse”, que era à base de chumbo.

Fora a possibilidade de envenenamento/assassinato, a teoria mais plausível é a de que Shakespeare morreu de causas naturais, mais especificamente devido a alguma doença. Pouco antes de sua morte, Shakespeare redigiu e assinou um testamento, o que pode significar que ele estava ciente de seu estado de saúde debilitado. Algumas doenças listadas por especialista incluem malária, insuficiência renal e infecções bacterianas.

Sua morte em Stratford-upon-Avon, e não em Londres, onde passou a maior parte de sua vida adulta, também levanta questionamentos. Ela parece indicar que ele já estava se preparando para o fim, para morrer em sua terra e ficar mais próximo da família.

Algumas investigações modernas tentam dar alguma explicação mais precisa sobre a morte de Shakespeare através de análise forense e testes de DNA. Contudo, esses esforços enfrentam alguns probleminhas, como a falta de material genético do próprio autor.

Essa morte misteriosa e enigmática de Shakespeare pode ser comparada à de outras figuras literárias, como Edgar Allan Poe e Christopher Marlowe. O primeiro morreu aos 40 anos de idade, sendo encontrado em um estado de confusão e delírio pelas ruas de Baltimore e tendo como últimas palavras a frase “Senhor, por favor, ajude minha pobre alma”. Já o segundo recebeu uma facada nada mais nada menos do que no olho, e as circunstâncias precisas dessa facada não são claras: alguns falam em motivações políticas, outros em questões pessoais.

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Relação entre a morte de Shakespeare e suas obras

O ator e diretor britânico Laurence Olivier como Hamlet em uma adaptação de 1948

O ator e diretor britânico Laurence Olivier como Hamlet em uma adaptação de 1948

É até poético, apesar de trágico, um autor que refletiu tanto sobre a morte em suas obras ter a sua própria morte alvo de discussões, reflexões e curiosidades mesmo séculos depois.

Isso porque morte é um tema bastante presente e igualmente complexo nas obras de Shakespeare. Ela foi abordada por ele de diversas formas, indo desde uma angústia existencial até uma tragédia inevitável, fornecendo uma visão profunda das preocupações e reflexões do autor sobre a vida e tudo o que pode haver além dela.

Em “Hamlet“, por exemplo, a morte é apresentada como um mistério a ser desvendado e uma fonte de angústia existencial. Essa peça, sua mais famosa, explora a relação entre a vida e a morte através da perspectiva do protagonista, que enfrenta dilemas morais e questões filosóficas sobre a natureza da existência. A famosa frase “Ser ou não ser, eis a questão“, que todo mundo já ouviu um dia, reflete justamente a incerteza e a busca pelo significado da vida em um mundo onde a morte é uma certeza absoluta.

Já em “Romeu e Julieta“, ele retrata a morte como o resultado trágico de um amor proibido. A peça mostra como a paixão e a fatalidade podem caminhar lado a lado e até mesmo se entrelaçarem, resultando em um final dramático e comovente. Ela explora o impacto da morte na vida dos personagens e na sociedade, questionando as convenções e os valores que levam a desfechos trágicos como o dos dois pombinhos.

As ideias de Shakespeare sobre a morte também se refletem em algumas de suas obras póstumas (publicadas depois de sua morte), como “Antônio e Cleópatra” e “Coriolano“. Nestas peças, a morte é vista como uma força inevitável, muitas vezes assumindo um tom heroico ou libertador.

Impacto da morte de Shakespeare

Como Shakespeare morreu não sabemos ao certo, mas sabemos que sua morte causou um profundo impacto no mundo literário e na cultura popular, deixando um legado duradouro que dura até os dias de hoje. Embora tenha deixado um vazio insubstituível no teatro elisabetano, sua morte prematura “ajudou” a impulsionar a fama de suas obras e de sua própria figura.

Depois de sua morte, começou um movimento para coletar e publicar suas peças teatrais e poemas, garantindo que seu legado se tornasse imortal.

Em 1623, por exemplo, sete anos após seu falecimento, seus colegas de teatro John Heminges e Henry Condell compilaram e publicaram o “First Folio“, uma coletânea das obras de Shakespeare que incluía 36 de suas peças, algumas das quais nunca haviam sido impressas antes.

Essa publicação foi crucial para a preservação de seu trabalho e a consolidação de sua reputação como um gênio da literatura. Aliás, alguns até brincam que, nas estantes dos ingleses, havia duas obras obrigatórias: a Bíblia do Rei James e o First Folio de Shakespeare.

Versão antiga do "First Folio", primeira coletânea reunindo as peças de William Shakespeare (Imagem por Ben Sutherland/Creative Commons License)

Versão antiga do “First Folio”, primeira coletânea reunindo as peças de William Shakespeare (Imagem por Ben Sutherland/Creative Commons License)

O impacto da morte de Shakespeare também pode ser visto na influência que ele teve sobre dramaturgos que vieram depois dele. Seu estilo e temática influenciaram Autores como Ben Jonson e Christopher Marlowe, contemporâneos de Shakespeare. Assim como dramaturgos das gerações seguintes, como John Webster e Thomas Middleton.

Além disso, a morte de Shakespeare alimentou uma série de discussões e análises críticas sobre sua vida e obra. Estudiosos e pesquisadores de diversas áreas, como literatura, história e teatro, têm se dedicado a examinar seus textos, procurando desvendar os mistérios de sua vida e a natureza de seu gênio criativo. A genialidade de Shakespeare foi tanta que há quem diga que ele não foi uma única pessoa, mas um grupo de escritores que assinavam com esse nome.

Breve linha do tempo de William Shakespeare

Por fim, confira a seguir uma breve linha do tempo sobre a vida de William Shakespeare

  • 1564: William Shakespeare nasce em Stratford-upon-Avon, na Inglaterra.
  • 1582: Aos 18 anos, casa-se com Anne Hathaway, que tinha 26 anos.
  • 1583: Nasce a filha mais velha de Shakespeare, Susanna.
  • 1585: Nascem os gêmeos Hamnet e Judith.
  • 1592: Shakespeare já está estabelecido em Londres como ator e dramaturgo.
  • 1593: Publicação do poema “Vênus e Adônis”.
  • 1594: Publicação do poema “Lucrécia”.
  • 1594-1595: Primeira apresentação de “Romeu e Julieta”.
  • 1596: Hamnet, filho de Shakespeare, morre aos 11 anos de idade.
  • 1597: Compra a segunda maior casa de Stratford, New Place.
  • 1599: Inauguração do Globe Theatre, em Londres.
  • 1600-1601: Primeira apresentação de “Hamlet”.
  • 1603: Rei James I concede a companhia teatral de Shakespeare o título de “King’s Men” (Homens do Rei).
  • 1605: Primeira apresentação de “Macbeth”.
  • 1606: Primeira apresentação de “Rei Lear”.
  • 1609: Publicação dos “Sonnets” (Sonetos).
  • 1611: Primeira apresentação de “A Tempestade”.
  • 1613: Incêndio destrói o Globe Theatre durante uma apresentação de “Henrique VIII”.
  • 1616: William Shakespeare morre em 23 de abril, em Stratford-upon-Avon.
  • 1623: Publicação do “First Folio”, uma coletânea das obras de Shakespeare, organizada por seus amigos e colegas John Heminges e Henry Condell.
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Alexandre Garcia Peres

Criador do site Literatura Online e Redator, Editor e Analista de SEO com três anos de experiência. Formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), com foco em literatura e TCC em Paulo Leminski. Fez um ano de especialização em Teoria da Literatura e sua maior área de interesse é a poesia brasileira, principalmente os poetas da segunda e terceira geração do romantismo.

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