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Alexandre Garcia Peres
Jean-Jacques Rousseau, filósofo suíço do século XVIII, revolucionou nossa compreensão sobre a sociedade e a desigualdade em sua obra 'Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens"
Para Rousseau, a humanidade começou em um ‘estado de natureza’ harmonioso, onde todos viviam igualmente sem propriedade privada, guiados por necessidades básicas.
No 'estado de natureza', a única 'desigualdade' era física (altura, força). Rousseau argumenta que essa desigualdade era insignificante, mantendo a sociedade em um equilíbrio natural.
A raiz da desigualdade social, para Rousseau, surgiu com a propriedade privada – o momento em que alguém cercou um terreno e declarou 'isto é meu', convencendo outros a acreditarem nisso.
A capacidade dos seres humanos de se aperfeiçoarem, embora possa parecer positiva, também os afastou do estado de natureza, levando ao desenvolvimento de vícios sociais.
A vida em sociedade trouxe dependências, vícios e corrupções, distanciando ainda mais o homem de seu estado 'natural' e intensificando a desigualdade social.
Rousseau destaca que as desigualdades 'naturais' são muito diferentes das 'sociais' ou 'morais', sendo estas últimas criadas pelo homem e legitimadas pela sociedade e suas estruturas e instituições.
Segundo Rousseau, a propriedade privada foi o 'verdadeiro fundador da sociedade civil', mas também a semente da desigualdade, competição e conflitos entre os homens
A sociedade civil, com suas leis e instituições, nasce para regular a propriedade privada e, ironicamente, reforçar a desigualdade social, gerando uma dependência mútua entre ricos e pobres
Ao contrário do que muitos pensam, Rousseau não sugeriu que voltássemos ao estado de natureza, mas sim que refletíssemos sobre como a sociedade e suas instituições moldam as desigualdades — e como atenuar o problema.