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Tropes Literárias: o que são, quais são e como usá-las

As tropes literárias são elementos narrativos muito utilizados na literatura para estruturar histórias e desenvolver personagens, e são um ótimo ponto de partida para escritores iniciantes.

As tropes são reconhecidas pelos leitores e podem variar significativamente entre diferentes gêneros literários. Entender e utilizar esses elementos narrativos de forma eficaz pode ajudar um livro a fazer sucesso, garantindo que ele atraia e mantenha a atenção do público com técnicas comprovadas.

O que são as Tropes Literárias?

As tropes literárias são estruturas de trama, temas recorrentes, características de personagens, motivos ou dispositivos narrativos utilizados na narrativa de um texto literário.

Geralmente elas surgem naturalmente no processo de escrita, muitas vezes de forma inconsciente, e são reconhecíveis por sua frequência em obras de ficção, mas também pode ser planejados.

Porém, é preciso ter cuidado: o uso das tropes pode ser uma faca de dois gumes. Enquanto algumas tropes são bem recebidas e esperadas pelo público, outras podem ser vistas como clichês já saturados. Tudo vai depender de como são implementadas pelo autor.

Tipos e Exemplos de Tropes Literárias

A figura de Gandalf em O Senhor dos Anéis e O Hobbit é um exemplo de trope literária do tipo "Mentor"

A figura de Gandalf em O Senhor dos Anéis e O Hobbit é um exemplo de trope literária do tipo “Mentor”

  • Triângulo Amoroso: Uma das tropes mais clássicas, onde o protagonista deve escolher entre dois interesses amorosos. Exemplo: “Os Miseráveis”, de Victor Hugo. Na história, o triângulo amoroso envolve Cosette, Marius Pontmercy e Éponine Thénardier.
  • Relacionamento Falso: Protagonistas fingem estar em um relacionamento, mas acabam se apaixonando de verdade. Exemplo: Uma farsa de amor na Espanha, de Elena Armas.
  • Enemies to Lovers: Protagonistas que começam a história se odiando, mas eventualmente se apaixonam. Exemplo: “Orgulho e Preconceito”, de Jane Austen. No início da história, Elizabeth Bennet e Fitzwilliam Darcy se conhecem e têm uma impressão muito negativa um do outro.
  • Grumpy e Sunshine: Um personagem bem-humorado e outro mais sério e introspectivo formam um casal. Exemplo: Leitura de verão, de Emily Henry.
  • Romances de Máfia: Histórias envolvendo o submundo do crime e relacionamentos intensos. Exemplo: “Born in Blood Mafia Chronicles”, de Cora Reilly.
  • Amigos que se Apaixonam: Casais que começam como amigos e desenvolvem um romance. Exemplo: “Harry Potter e a Ordem da Fênix”, de J.K. Rowling, onde a relação de amizade entre Ron Weasley e Hermione Granger gradualmente evolui para um romance
  • Stuck Together: Personagens forçados a conviver em circunstâncias adversas acabam se apaixonando. Exemplo: “A Cabana do Amor”, de Christina Lauren. Os protagonistas, Olive e Ethan, são forçados a compartilhar uma lua de mel após um casamento em que ambos eram padrinhos.
  • Segunda Chance: Casais que se separam e, após anos, se reencontram percebendo que ainda se amam. Exemplo: “Persuasão“, de Jane Austen. Anne Elliot e Frederick Wentworth estavam apaixonados na juventude, mas se separaram devido a pressões familiares.
  • A Jornada do Herói: Uma estrutura de trama onde o protagonista passa por uma série de desafios e transformações. Exemplo: O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien.
  • Mentor: Um personagem mais velho e sábio que guia o protagonista. Exemplo: Gandalf em O Senhor dos Anéis.
  • Artefatos Poderosos: Objetos mágicos ou especiais que todos querem possuir. Exemplo: O anel em O Senhor dos Anéis.
  • Resgatado pela Cavalaria: Quando a ajuda chega no momento mais crítico. Exemplo: As Crônicas de Nárnia, de C.S. Lewis.
  • A Escolhida: Um personagem profetizado para salvar o mundo. Exemplo: Harry Potter em Harry Potter, de J.K. Rowling.
  • Distopia: Histórias ambientadas em um futuro opressor. Exemplo: 1984, de George Orwell.
  • Viagem no Tempo: Personagens que viajam para o passado ou futuro. Exemplo: A Máquina do Tempo, de H.G. Wells.
  • Inteligência Artificial: Máquinas ou programas que possuem consciência. Exemplo: Eu, Robô, de Isaac Asimov.
  • O Vilão Relutante: Um personagem que não quer ser o herói, mas é forçado pelas circunstâncias. Exemplo: O Hobbit, de J.R.R. Tolkien.
  • Reviravolta no Final: Uma grande surpresa ou revelação no final da história. Exemplo: Clube da Luta, de Chuck Palahniuk.
  • Narração Não Confiável: Quando o narrador engana o leitor. Exemplo: Garota Exemplar, de Gillian Flynn.

Como Usar as Tropes Literárias na Construção de uma Narrativa

Para escritores, iniciantes ou não, o uso das tropes literárias pode fazer toda a diferença na construção de uma narrativa envolvente. Aqui estão algumas dicas sobre como utilizá-las:

  1. Pesquisa e Planejamento: Antes de iniciar a escrita, pesquise e entenda bem as tropes mais populares dentro do gênero que você escolheu. Isso ajuda a identificar quais elementos são mais atraentes para o público-alvo e como integrá-los de maneira eficaz na história, evitando principalmente os mais clichês.
  2. Inovação e Subversão: Utilizar tropes de maneira inovadora ou subvertê-las pode tornar a história única e imprevisível. Em vez de seguir um padrão previsível, o autor pode introduzir reviravoltas que surpreendam o leitor. Só é importante não tentar “reinventar a roda” e acabar fugindo muito do que já está pré-estabelecido sem ter pleno domínio do fazer literário.
  3. Equilíbrio e Coerência: Pensando na dica anterior ainda, é importante equilibrar o uso de tropes para que a narrativa permaneça coerente e os personagens sejam bem desenvolvidos. Tropes devem complementar a trama, e não dominá-la completamente.
  4. Feedback e Revisão: Receber feedback de leitores e editores pode ajudar a ajustar o uso das tropes, garantindo que elas melhorem a história em vez de torná-la clichê. Revisão e reescrita fazem parte do processo.
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Alexandre Garcia Peres

Criador do site Literatura Online e Redator, Editor e Analista de SEO com três anos de experiência. Formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), com foco em literatura e TCC em Paulo Leminski. Fez um ano de especialização em Teoria da Literatura e sua maior área de interesse é a poesia brasileira, principalmente os poetas da segunda e terceira geração do romantismo.

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