A literatura de cordel é uma forma de narrativa tradicional que se originou no Nordeste brasileiro a partir da influência dos trovadores medievais e da Renascença. É um elemento essencial da cultura nordestina e nortista, tendo um papel importante na preservação das tradições regionais e no incentivo à leitura.
Qual a origem da Literatura de Cordel?
A origem da literatura de cordel remonta aos trovadores medievais, que eram poetas e músicos que se apresentavam nas cortes europeias, principalmente na França, Espanha e Portugal. Esses trovadores utilizavam instrumentos musicais e cantavam suas poesias, que eram transmitidas oralmente.
No Renascimento, essa tradição se espalhou pela Europa, ganhando diferentes formas, como o romanceiro espanhol e os conteúdos das “canções de gesta” francesas. Os artistas populares, chamados de “folheteiros” ou “cantadores de feira“, começaram a adaptar essas cantigas e os poemas narrativos para uma forma mais acessível de literatura impressa.
No início do século XVIII, com a chegada dos colonizadores portugueses ao Brasil, a literatura de cordel começou a se estabelecer no país. Os primeiros folhetos impressos foram trazidos pelos colonizadores, sendo vendidos em feiras e mercados populares. Essa tradição se enraizou principalmente no Nordeste brasileiro, onde se tornou um importante meio de comunicação e entretenimento.
A Chegada da Literatura de Cordel no Brasil
A chegada da literatura de cordel ao Brasil está ligada à colonização portuguesa, ocorrida no início do século XVIII. A tradição dos folhetos populares, muito difundida na Península Ibérica, foi trazida pelos colonizadores portugueses, que os carregavam em suas bagagens. Segundo Manuel Diégues Júnior, estudioso da cultura popular brasileira, essa influência lusitana foi fundamental para o desenvolvimento do cordel no Brasil, especialmente no Nordeste, onde essa forma de expressão encontrou terreno fértil para se enraizar e florescer.
Os colonos trouxeram para o Brasil os “romanceiros peninsulares”, que já eram difundidos em Portugal desde o século XVI. Ao chegarem ao Brasil, esses folhetos começaram a ser adaptados à realidade local, ganhando temas e narrativas próprias da cultura nordestina. A língua portuguesa foi um fator crucial nesse processo de adaptação, pois permitiu que as histórias fossem compreendidas e assimiladas pela população brasileira.
A oralidade também desempenhou um papel significativo na disseminação da literatura de cordel no Brasil. Antes da popularização dos folhetos impressos, as histórias eram transmitidas pela fala nas feiras e mercados, onde cantadores recitavam e cantavam os versos para o público. Esse hábito, herdado da tradição medieval ibérica, garantiu que as narrativas do cordel alcançassem um grande número de pessoas, mesmo aquelas que não sabiam ler.
Com o avanço da tipografia e a alfabetização da população, a literatura de cordel passou a ser impressa em larga escala. Os folhetos impressos se tornaram comuns nas feiras nordestinas, onde eram vendidos aos montes. A xilogravura, técnica de impressão em madeira, era utilizada para ilustrar as capas dos folhetos, tornando-os visualmente atraentes e acessíveis.
Sobre a Literatura de Cordel
Os cordéis são caracterizados por sua métrica com rimas, o que proporciona uma musicalidade aos versos. Além disso, as xilogravuras, ilustrações em madeira, são comuns nessa forma de literatura, pois permitem que os desenhos sejam impressos várias vezes.
A literatura de cordel é conhecida também como folheto ou literatura popular em verso. Ela desempenha um papel fundamental na divulgação das tradições e identidades locais, combatendo o analfabetismo e, ao mesmo tempo, sendo um meio didático e educativo para transmitir conhecimentos e valores.
Os cordéis são compostos por histórias e contos populares, lendas, romances, relatos de feitos heróicos, crônicas do cotidiano e até mesmo abordam eventos históricos. Sua forma simples e acessível permite que pessoas com pouca escolaridade possam apreciar e compreender as narrativas.
Leandro Gomes de Barros e João Martins de Athayde são alguns dos principais autores de cordel, que contribuíram significativamente para a popularização dessa forma de literatura. O renomado poeta Carlos Drummond de Andrade definiu a literatura de cordel como uma expressão da inventividade, senso de humor e capacidade crítica do povo brasileiro.
Com informações de “Literatura de cordel no Brasil: um ponto no mar da lusofonia”, de Paulo geovane e Silva e Douglas Tomácio – PPgEL/UFRN