Raul Pompeia, escritor brasileiro do século XIX, é reconhecido pela utilização de uma linguagem impressionista em sua prosa poética. Seus textos são marcados por uma abordagem impressionista, que busca transmitir sensações e emoções através da linguagem e das imagens criadas. Nesse contexto, a questão proposta no ENEM 2019, questão 33 da Prova Azul do primeiro dia, aborda justamente esse aspecto da obra de Raul Pompeia.
(ENEM 2019) – Questão 33 da Prova Azul do primeiro dia
Inverno! Inverno! Inverno!
Tristes nevoeiros, frios negrumes da longa treva boreal, descampados de gelo cujo limite escapa-nos sempre, desesperadamente, para lá do horizonte, perpétua solidão inóspita, onde apenas se ouve a voz do vento que passa uivando como uma legião de lobos, através da cidade de catedrais e túmulos de cristal na planície, fantasmas que a miragem povoam e animam, tudo isto: decepções, obscuridade, solidão, desespero e a hora invisível que passa como o vento, tudo isto é o frio inverno da vida.
Há no espírito o luto profundo daquele céu de bruma dos lugares onde a natureza dorme por meses, à espera do sol avaro que não vem.
POMPEIA, R. Canções sem metro. Campinas: Unicamp, 2013
Reconhecido pela linguagem impressionista, Raul Pompeia desenvolveu-a na prosa poética, em que se observa:
A) imprecisão no sentido dos vocábulos.
B) dramaticidade como elemento expressivo.
C) subjetividade em oposição à verossimilhança.
D) valorização da imagem com efeito persuasivo.
E) plasticidade verbal vinculada à cadência melódica.
Resposta:
Dentre as alternativas apresentadas, a letra (E) – plasticidade verbal vinculada à cadência melódica – é a que melhor se adequa à prosa poética de Raul Pompeia.
A prosa poética de Pompeia é marcada por uma linguagem que envolve os sentidos do leitor, criando uma atmosfera sensorial e estética. O autor utiliza recursos como o ritmo, a sonoridade e a escolha cuidadosa das palavras para construir uma cadência melódica que atrai o leitor e envolve-o em suas imagens poéticas. Essa plasticidade verbal é essencial para a criação de uma atmosfera impressionista em seus textos.
No trecho citado do poema “Inverno! Inverno! Inverno!”, vemos claramente a presença dessa plasticidade verbal. Através da repetição das palavras “Inverno” e da escolha de adjetivos como “tristes”, “frios” e “negrumes”, Pompeia busca criar um efeito sonoro e rítmico, que reflete a atmosfera sombria e melancólica do inverno. Além disso, a utilização de metáforas e imagens sensoriais, como “catedrais e túmulos de cristal na planície”, contribui para a criação dessa cadência melódica e para a construção de uma atmosfera poética.
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Os versos pertencem à obra Os Lusíadas, de Luís de Camões, publicada em 1572. No fragmento, o eu lírico delineia o contexto dessa obra, o qual é centrado: