O poema “A Onde Vai a Lágrima”, escrito por Auta de Souza, aborda o tema da tristeza e do choro. A poetisa questiona o destino das lágrimas derramadas no mundo, refletindo sobre a possibilidade de suas dores alcançarem Deus. Leia-o na íntegra abaixo e confira em seguida uma análise completa!
A Onde Vai a Lágrima
Na terra se chora tanto
Que, se Deus guardasse o pranto
Que o mundo inteiro derrama.
Dos astros lá do infinito
O choro do pobre aflito
Podia apagar a chama.
Mas todo o pranto que desce
Por nossa face, parece
Que Deus o transforma em prece …
E a prece, cheiroso incenso,
Nas asas do vento imenso,
Se perde no azul dos céus
Buscando o seio de Deus.
Análise do poema “A Onde Vai a Lágrima”
“A Onde Vai a Lágrima” apresenta um tom melancólico e reflexivo, explorando a temática do choro como expressão da tristeza humana.
Logo no início do poema, Auta de Souza enfatiza a intensidade das lágrimas derramadas, sugerindo que se Deus guardasse todas elas, o pranto do mundo inteiro, a tristeza seria aliviada.
Uma metáfora é utilizada quando a poetisa menciona que o choro dos pobres aflitos, se proveniente dos astros do infinito, teria o poder de apagar a chama. Essa imagem simboliza a comunhão entre o sofrimento humano e a divindade, sugere que até mesmo as dores mais profundas podem ser acalmadas por uma força superior.
No entanto, Auta de Souza revela que todas as lágrimas que descem pelo rosto parecem ser transformadas por Deus em prece. Essa transformação indica a busca por conforto e esperança nas adversidades, um pedido por alívio e ajuda divina.
A última estrofe do poema acentua a natureza espiritual da prece, comparando-a a um incenso cheiroso que se eleva no vento imenso e se perde no azul dos céus em busca do seio de Deus. A imagem criada retrata a transcendência do choro e a ligação íntima entre o ser humano e o divino.