A emblemática morte de Sócrates

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A figura de Sócrates permanece como uma das mais impactantes na história da filosofia ocidental, não apenas por seus ensinamentos e métodos dialéticos, mas também pela maneira como enfrentou seu próprio fim. Em 399 a.C., o filósofo ateniense encontrou seu destino na forma de uma sentença de morte, sendo obrigado a tomar veneno.

Sócrates não deixou nenhum texto escrito, mas sua presença e seus ensinamentos e reflexões foram imortalizados através dos diálogos de seus discípulos, principalmente por Platão.

Seu julgamento e execução, realizados em Atenas, não foram apenas um marco na história do pensamento, mas também um episódio que questiona profundamente a justiça, a moralidade e os valores de uma sociedade.

Como Sócrates morreu?

Condenado sob as acusações de impiedade e corrupção da juventude, Sócrates recusou a possibilidade de fuga oferecida por seus seguidores. Optou, em vez disso, por obedecer à sentença que lhe foi imposta: a morte por ingestão de cicuta, um veneno poderoso e mortal.

Pintura "A Morte de Sócrates", de Jacques-Louis David (1787). Mostra o momento em que Sócrates pega a taça com cicuta para bebê-la

Pintura “A Morte de Sócrates”, de Jacques-Louis David (1787)

Na sua última manhã, cercado por amigos e discípulos, enfrentou seu fim com serenidade. Suas últimas palavras, pedindo que se pagasse uma dívida pendente a Asclépio (“Críton, somos devedores de um galo a Asclépio; pois bem pagai a minha dívida, pensai nisso), sugerem uma tranquilidade diante da iminência da morte, vista por ele não como um fim, mas talvez como uma cura para os infortúnios da vida mortal.

Críton até questionou se ele não tinha mais nada a dizer, mas Sócrates negou e morreu logo em seguida.

O julgamento e a defesa de Sócrates

O julgamento de Sócrates ocorreu em um contexto de profunda instabilidade política em Atenas, que veio depois derrota na Guerra do Peloponeso e do breve governo dos Trinta Tiranos.

Acusado por Meletus e outros de não crer nos deuses da cidade e corromper a juventude, Sócrates apresentou uma defesa memorável, que foi eternizada na obra “Apologia de Sócrates”, de Platão. A defesa de Sócrates não foi suficiente para convencer seus jurados, uma vez que foi encontrado culpado e condenado à morte.

O mais intrigante é que ele rejeitou sugerir uma pena alternativa mais leve, propondo, ironicamente, ser mantido pelo estado pelo bem que argumentava fazer à cidade.

Sócrates diante da morte

Nas horas que antecederam sua execução, Sócrates participou de diálogos profundos com seus seguidores, explorando temas que iam desde a imortalidade da alma até o significado da justiça e da virtude.

Para Sócrates, enfrentar a morte não era uma derrota, mas a última prova de sua dedicação à verdade e à integridade intelectual. Ele via na morte não o término da existência, mas uma passagem para um possível encontro com grandes figuras do passado e a continuação de sua busca pelo conhecimento. Um trecho da sua defesa deixo isso claro:

“Mas já é hora de irmos: eu para a morte e vocês para viverem. Mas quem vai para melhor sorte é segredo, exceto para Deus”

Sua vida e sua morte continuam a ser objeto de estudo, admiração e inspiração, não apenas para filósofos, mas para todos aqueles que valorizam a integridade e a busca incessante pela verdade.

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Alexandre Garcia Peres

Criador do site Literatura Online e Redator, Editor e Analista de SEO com três anos de experiência. Formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), com foco em literatura e TCC em Paulo Leminski. Fez um ano de especialização em Teoria da Literatura e sua maior área de interesse é a poesia brasileira, principalmente os poetas da segunda e terceira geração do romantismo.

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