A Luís, de Castro Alves

A LUÍS

(no dia de seu natalício)

A imaginação, com o vôo ousado,
aspira a principio à eternidade…
Depois um pequeno espaço basta em breve
para os destroços de nossas esperanças iludidas! … (Goethe)

Como um perfume de longínquas plagas
Traz o vento da pátria ao peregrino,
Ó meu amigo! que saudade infinda
Tu me trazes dos tempos de menino!

É o ledo enxame de sutis abelhas
Que vem lembrar à flor o mel daurora…
Acres perfumes de uma idade ardente
Quando o lábio sorri… mas nunca chora!

Que tempos idos! que esperanças louras!
Que cismas de poesia e de futuro!
Nas páginas do triste Lamartine
Quanto sonho de amor pousava puro! …

E tu falavas de um amor celeste,
De um anjo, que depois se fez esposa…
— Moça, que troca os risos de criança
Pelo meigo cismar de mãe formosa.

Oh! meu amigo! neste doce instante
o vento do passado em mim suspira,
E minhalma estremece de alegria,
Como ao beijo da noite geme a lira.

Tu paraste na tenda, ó peregrino!
Eu vou seguindo do deserto a trilha;
Pois bem… que a lira do poeta errante
Seja a bênção do lar e da família.

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