“Alma Querida”, psicografado por Chico Xavier e atribuído ao espírito de Auta de Souza, é um poema que homenageia a nobreza da caridade e da humildade.
Com metáforas suaves e imagens poéticas, a autora celebra o espírito altruísta que, de forma discreta, sem exigir honrarias e recompensas, se preocupa com o bem estar dos outros e trabalha para aliviar as dores daqueles que sofrem ao longo da vida.
“Alma Querida”, de Auta de Souza
Alma da caridade, viva e pura,
Que abres a mão fraterna de mansinho,
Jesus recolhe a gota de carinho,
Que derramas na chaga da amargura.
Essa doce migalha de ternura
Para quem luta e chora no caminho,
É como a rosa perfumando o espinho
Ou como a estrela para a noite escura.
Como crês? Ninguém sabe… o mundo apenas.
Sabe que és luz nas aflições terrenas,
Pela consolação que te abençoa.
Seja qual for o templo que te exprime,
Deus te proteja o coração sublime
Alma querida e bela, humilde e boa
Análise do poema “Alma Querida”, de Auta de Souza
“Alma Querida” nos convida a refletir sobre a importância da caridade e da compaixão na vida humana. Auta de Souza, conhecida por sua sensibilidade e religiosidade, retrata uma alma generosa que, com humildade e sem ostentação, oferece conforto a quem enfrenta dificuldades.
No primeiro quarteto, a poetisa destaca a pureza da “alma da caridade”, aquela alma que estende a mão aos necessitados com suavidade: “Que abres a mão fraterna de mansinho”. A expressão “de mansinho” simboliza a delicadeza e a discrição nos atos de bondade, mostrando que a verdadeira caridade é aquela que é realizada sem alarde. Além disso, ao dizer “Jesus recolhe a gota de carinho”, ela sugere que cada pequeno gesto de amor é valorizado por Deus: a recompensa da caridade não é terrena, mas divina. Por fim, o verso “Que derramas na chaga da amargura” simboliza como esses atos de bondade, como as “gotas de bondade”, aliviam o sofrimento alheio, atuando como um remédio para as dores do mundo.
No segundo quarteto, Auta de Souza usa metáforas para mostrar como a ternura pode beneficiar quem está sofrendo. A “doce migalha de ternura” representa pequenos atos de bondade que, embora simples, têm grande importância e significado. Ela compara essa migalha à “rosa perfumando o espinho”, sugerindo que a beleza e o perfume da rosa suavizam a presença do espinho, tornando a dor mais suportável. Além disso, menciona “a estrela para a noite escura”, indicando que mesmo uma pequena luz pode iluminar momentos sombrios.
Essas imagens enfatizam o poder da empatia em trazer conforto e esperança nos momentos difíceis do caminho: a ternura é, para quem sofre, o mesmo que rosa é para o espinho e o brilho da estrela é para a noite escura.
Na terceira estrofe, agora um terceto, Auta de Souza fala um pouco sobre a natureza discreta da fé e da caridade. Ao escrever “Como crês? Ninguém sabe… o mundo apenas / Sabe que és luz nas aflições terrenas”, ela sugere que a verdadeira espiritualidade não precisa ser exibida ou declarada abertamente. Mesmo que ninguém saiba no que essa alma acredita, todos percebem o bem que ela faz ao aliviar o sofrimento dos outros.
Isso nos ensina que são as ações bondosas que realmente revelam a profundidade da fé: elas iluminam e melhoram o mundo sem a necessidade de reconhecimento. A caridade é como uma luz que consola. Mesmo que ninguém a perceba, o mundo, tornando-se um lugar melhor, sente os seus efeitos.
Nos versos finais, a poetisa pede proteção divina para essa alma bondosa: “Seja qual for o templo que te exprime, / Deus te proteja o coração sublime”. Aqui, ela ressalta algo muito importante: que a verdadeira caridade e espiritualidade não se limitam a templos ou religiões específicas: elas estão presentes em todas as atitudes de humildade e bondade.