Literatura Engajada: definição, características e exemplos

A literatura engajada, desde seu surgimento, tem se destacado por não se limitar ao campo da estética ou ao jogo das palavras. Com um compromisso que vai além da arte, essa forma de literatura permite uma intervenção no mundo real, denunciando injustiças e promovendo causas políticas e sociais.

Nos últimos anos, esse tipo de literatura tem ressurgido com força na literatura contemporânea, especialmente em conexão com movimentos identitários que discutem questões de raça, gênero e direitos humanos.

O que é Literatura Engajada?

A literatura engajada é aquela que, além de se preocupar com a qualidade estética e artística do texto escrito, se compromete com uma ideologia ou causa política.

Autores engajados politicamente, ou seja, com participação ativa na sociedade, utilizam suas obras como ferramentas de intervenção social, buscando não apenas retratar a realidade, mas influenciá-la e transformá-la.

Literatura Engajada

Historicamente, essa forma de literatura surgiu com força durante períodos de intensas mudanças sociais, como o Iluminismo e o século XIX, quando escritores como Voltaire e Victor Hugo usaram suas palavras para criticar as injustiças de suas épocas.

Jean-Paul Sartre, um dos maiores defensores da literatura engajada, teorizou que o escritor está sempre em uma posição histórica e, por isso, é responsável por suas palavras e pelo impacto que elas podem ter na sociedade. Para Sartre, a literatura deveria “desvendar” o mundo, permitindo que o leitor compreendesse e questionasse as estruturas sociais e políticas ao seu redor.

Características da Literatura Engajada

  • Compromisso ideológico: As obras engajadas defendem abertamente uma ideologia ou posição política, buscando convencer o leitor sobre a validade dessa perspectiva.
  • Denúncia de injustiças: A literatura engajada frequentemente critica situações sociais ou políticas que o autor considera injustas ou opressivas.
  • Proposta de mudança: Não se trata apenas de criticar; essas obras frequentemente sugerem ou clamam por transformações na sociedade.
  • Integração de conteúdo e forma: A mensagem ideológica é reforçada pela forma artística, que pode ser adaptada para melhor comunicar as ideias defendidas.
  • Apoio em movimentos identitários: Atualmente, muitos autores engajados se alinham com movimentos que lutam contra o racismo, o machismo e a LGBTQIA+fobia, usando a literatura como uma forma de ativismo.

Autores e Exemplos de Literatura Engajada

Jean-Paul Sartre é, sem dúvida, um dos maiores expoentes da literatura engajada. Em suas obras e ensaios, Sartre argumentava que o escritor tem uma responsabilidade social e deve utilizar a literatura para expor as verdades sobre a condição humana e as injustiças do mundo. Sua visão influenciou toda uma geração de escritores e permanece relevante até hoje.

Por outro lado, Albert Camus, embora também engajado, tinha uma visão mais universalista da literatura. Em seu romance A Peste, por exemplo, Camus abordou a ocupação nazista da França, mas recusou-se a limitar sua obra a uma simples alegoria política, defendendo que a trama poderia se aplicar a qualquer forma de tirania.

No Brasil, Clarice Lispector é um exemplo de autora cuja obra, embora não explicitamente engajada, toca em questões sociais profundas. Em A Hora da Estrela, por exemplo, a narrativa da vida de Macabéa, uma jovem nordestina marginalizada, levanta questões sobre a pobreza, a invisibilidade social e a condição feminina, destacando as injustiças enfrentadas por essa personagem.

Joseph Conrad é outro nome relevante nesse contexto. Seu livro Coração das Trevas foi e continua sendo objeto de debates acalorados, tanto por sua crítica ao imperialismo europeu quanto pelas questões raciais que levanta, mostrando a complexidade e a ambiguidade moral de suas narrativas.

Por fim, não se pode falar de literatura engajada sem mencionar autores como Voltaire e Victor Hugo, cujas obras denunciaram as injustiças de suas épocas e inspiraram mudanças sociais significativas.

Com informações de “Literatura Engajada”, de Leyla Perrone-Moisés.

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Alexandre Garcia Peres

Criador do site Literatura Online e Redator, Editor e Analista de SEO com três anos de experiência. Formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), com foco em literatura e TCC em Paulo Leminski. Fez um ano de especialização em Teoria da Literatura e sua maior área de interesse é a poesia brasileira, principalmente os poetas da segunda e terceira geração do romantismo.

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