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5 melhores poemas para o Dia do Amigo

As amizades enriquecem nossas vidas com afeto e apoio. Para marcar o Dia do Amigo, que tal compartilhar com as pessoas mais próximas alguns poemas que capturam a essência da amizade?

Soneto do amigo, de Vinicius de Moraes

“Soneto do Amigo”, de Vinícius de Moraes, é uma homenagem a uma amizade verdadeira e eterna. O poema destaca a reaproximação de velhos amigos, mostrando que, apesar das adversidades, a essência da amizade sempre prevalece e permanece viva.

Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica…

Convite triste, de Carlos Drummond de Andrade

Carlos Drummond de Andrade, outro ícone da poesia brasileira, traz em “Convite triste” uma visão melancólica e íntima da amizade. Trata-se de um poema ácido, polêmico, com uma visão mais pessimista da vida. Mas certamente um convite a compartilhar tanto as alegrias quanto as tristezas da vida, como é comum entre as verdadeiras amizades.

Meu amigo, vamos sofrer,
vamos beber, vamos ler jornal,
vamos dizer que a vida é ruim,
meu amigo, vamos sofrer.

Vamos fazer um poema
ou qualquer outra besteira.
Fitar por exemplo uma estrela
por muito tempo, muito tempo
e dar um suspiro fundo
ou qualquer outra besteira.

Vamos beber uísque, vamos
beber cerveja preta e barata,
beber, gritar e morrer,
ou, quem sabe? beber apenas.

Vamos xingar a mulher,
que está envenenando a vida
com seus olhos e suas mãos
e o corpo que tem dois seios
e tem um umbigo também.
Meu amigo, vamos xingar
o corpo e tudo que é dele
e que nunca será alma.

Meu amigo, vamos cantar,
vamos chorar de mansinho
e ouvir muita vitrola,
depois embriagados vamos
beber mais outros sequestros
(o olhar obsceno e a mão idiota)
depois vomitar e cair
e dormir.

Eu escrevi um poema triste, de Mario Quintana

Bem diferente do poema acima, este poema do Mario Quintana, conhecido por sua sensibilidade poética,  reflete a tristeza que vem com o passar do tempo e as mudanças que o envelhecimento traz, mas também celebra a beleza dessa melancolia e a capacidade de transformar memórias em algo poético. Ideal para mandar para aquele amigo que você não vê há bastante tempo!

Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza…
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel…
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves…
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!

Recado aos amigos distantes, de Cecília Meireles

Cecília Meireles, uma das vozes mais líricas da literatura brasileira, em “Recado aos amigos distantes” fala sobre o amor duradouro pelos amigos, mesmo quando a distância os separa. Uma reflexão sobre as memórias e os sentimentos que perduram, mesmo quando o tempo passa e a distância física aumenta.

Meus companheiros amados,
não vos espero nem chamo:
porque vou para outros lados.
Mas é certo que vos amo.

Nem sempre os que estão mais perto
fazem melhor companhia.
Mesmo com sol encoberto,
todos sabem quando é dia.

Pelo vosso campo imenso,
vou cortando meus atalhos.
Por vosso amor é que penso
e me dou tantos trabalhos.

Não condeneis, por enquanto,
minha rebelde maneira.
Para libertar-me tanto,
fico vossa prisioneira.

Por mais que longe pareça,
ides na minha lembrança,
ides na minha cabeça,
valeis a minha Esperança.

Soneto 30, de William Shakespeare

Por fim, o clássico “Soneto 30” de William Shakespeare é uma reflexão sobre o tempo e as perdas que ele traz. O “Bardo de Avon” lamenta as dores do passado e os amigos perdidos, mas encontra consolo na lembrança de um amigo querido. Afinal, a amizade pode ser redentora!

Quando à corte silente do pensar
Eu convoco as lembranças do passado,
Suspiro pelo que ontem fui buscar,
Chorando o tempo já desperdiçado,

Afogo olhar em lágrima, tão rara,
Por amigos que a morte anoiteceu;
Pranteio dor que o amor já superara,
Deplorando o que desapareceu.

Posso então lastimar o erro esquecido,
E de tais penas recontar as sagas,
Chorando o já chorado e já sofrido,

Tornando a pagar contas todas pagas.
Mas, amigo, se em ti penso um momento,
Vão-se as perdas e acaba o sofrimento.

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Alexandre Garcia Peres

Criador do site Literatura Online e Redator, Editor e Analista de SEO com três anos de experiência. Formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), com foco em literatura e TCC em Paulo Leminski. Fez um ano de especialização em Teoria da Literatura e sua maior área de interesse é a poesia brasileira, principalmente os poetas da segunda e terceira geração do romantismo.

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