“Maldito é o homem que confia no homem” – Jeremias 17-5, Explicação

Algumas passagens bíblicas ressoam com uma clareza que atravessa os séculos, falando diretamente ao coração humano e suas tendências.

Uma dessas passagens é Jeremias 17:5, que faz um olhar crítico sobre a tendência humana de depositar confiança excessiva uns nos outros, descuidando do foco na fé em Deus.

O profeta Jeremias sentado com um seu cajado, com Jerusalém ao fundo

Pintura “Jeremiah, one of the great poets of the Old Testament, chromolithograph from a home bible” (1870), de Heinz Tschanz-Hofmann

Explicação da passagem Jeremias 17-5

O versículo em questão é bastante contundente:

Assim diz o Senhor:
“Maldito é o homem
que confia nos homens,
que faz da humanidade mortal
a sua força,
mas cujo coração se afasta do Senhor.

Aqui, a expressão “Maldito” não deve ser interpretada com superficialidade: ela reflete uma consequência profunda e espiritual para aqueles que priorizam a confiança nos seres humanos em vez de depositar sua confiança em Deus.

A crítica central dessa passagem é a idolatria humana – o ato de substituir Deus pelas pessoas.

Os humanos, embora capazes de grandes atos de bondade e suporte, falham constantemente. Ao confiar exclusivamente em outros homens, como se fossem infalíveis, nos desviamos do auxílio e do conforto que somente a fé em um ser superior pode prover.

Contrastando com a advertência de maldição aos que se desviam, os versículos subsequentes da mesma escritura, Jeremias 17:7-8, apresentam uma imagem de bênção e prosperidade para aqueles que depositam sua confiança em Deus:

Bendito o homem que confia no Senhor, e cuja confiança é o Senhor.

Porque será como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro, e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fruto.

Esse contraste (confiar no homem x confiar no senhor) destaca não apenas os riscos de uma confiança mal colocada, mas também o caminho para uma existência abençoada e segura sob a fé divina.

Mas aqui fica um alerta: a escritura não desencoraja a ajuda mútua nem a confiança entre as pessoas, pois esses são aspectos importantes das relações humanas. Ou seja, não se isole nem desconfie cegamente de seus irmãos. O alerta é mais para o risco de confiar nos homens ao ponto de afastar o coração de Deus.

Viver sem confiança alguma também não é a mensagem; o equilíbrio está em saber onde depositar a máxima confiança e esperança. A lição principal desta passagem não é um aviso para viver uma vida de desconfiança, mas um convite à reflexão sobre onde reside nossa segurança última e inabalável.

Avatar photo

Alexandre Garcia Peres

Criador do site Literatura Online e Redator, Editor e Analista de SEO com três anos de experiência. Formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), com foco em literatura e TCC em Paulo Leminski. Fez um ano de especialização em Teoria da Literatura e sua maior área de interesse é a poesia brasileira, principalmente os poetas da segunda e terceira geração do romantismo.

You may also like...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O que se aprende no curso de Letras? 5 livros de Cozy Fantasy para escapar da realidade Os 7 Melhores Livros do Kindle Unlimited Teoria liga Anne Hathaway a William Shakespeare 5 obras da Literatura Gótica que você precisa conhecer