A 3ª Geração do Modernismo no Brasil, que sucedeu ao término da Segunda Guerra Mundial em 1945, apresenta uma literatura que reflete e dialoga com uma época de intensas transformações sociais e culturais.
Principais características da 3ª geração do Modernismo
- Diversificação e Complexidade Artística: Neste período, a literatura abraça novos gêneros e estilos, destacando-se o realismo fantástico e uma diversificação na representação de realidades complexas.
- Retorno ao Formalismo Poético: diferentemente das gerações anteriores, observa-se nela uma valorização da estrutura, rima e métrica na poesia, alinhando a forma ao conteúdo expressivo.
- Influência de Correntes Literárias Anteriores: A poesia deste momento retoma elementos do parnasianismo e do simbolismo, correntes literárias do século XIX.
- Linguagem Objetiva: O discurso literário se caracteriza pelo uso de uma linguagem direta e cotidiana, com a presença frequente da metalinguagem (a linguagem falando sobre si mesma).
- Temática Social e Política: A literatura se engaja em questões sociais e políticas, assumindo uma posição reflexiva e muitas vezes crítica.
- Novas Formas Poéticas: Experimentações como o concretismo, neoconcretismo, poesia práxis e o poema-processo surgem, redefinindo as abordagens poéticas comumente aceitas.
- Prosa Pós-Modernista: Novas técnicas narrativas, incluindo o fluxo de consciência e estruturas fragmentadas, passam a ser adotadas para capturar a essência multifacetada da condição humana.
Contexto histórico e principais autores
O período pós-Estado Novo e pós-Segunda Guerra Mundial é marcado por intensas mudanças geopolíticas, como a Guerra Fria e o crescimento do consumismo.
No Brasil, o governo Juscelino Kubitschek simboliza um tempo de progresso e redemocratização, evidenciado na construção de Brasília. Nesse contexto, a cultura popular é drasticamente influenciada pelos avanços na comunicação e pela indústria do cinema. A literatura dessa geração, por sua vez, reflete e problematiza a cultura do consumo imediato e os efeitos da produção em massa de entretenimento.
Entre os escritores que se sobressaem nesta fase estão Clarice Lispector, que com obras como “Perto do coração selvagem” e “A hora da estrela” marcou a prosa brasileira com uma visão introspectiva e existencialista. Guimarães Rosa inovou na narrativa com “Sagarana” e “Grande sertão: veredas”, fundindo o lirismo à temática regional. João Cabral de Melo Neto, por sua vez, empregou a poesia como instrumento de crítica social, especialmente em “Morte e vida severina”.
Na vanguarda poética, Haroldo de Campos e Augusto de Campos foram pioneiros do concretismo, lançando os fundamentos de uma nova estética literária.