Em uma viagem de trem, pregando ideias de amor, caridade e não-violência aos passageiros. Assim morreu Liev Tolstói, o gênio russo por trás de clássicos absolutos da literatura, como Guerra e Paz e Anna Karenina. Aqui, você conhecerá um pouco mais sobre seus últimos dias e o tratamento que ele deu à morte em suas obras.
Resumo do que você vai ver aqui:
- Liev Tolstói morreu aos 82 anos de idade, vítima de pneumonia.
- Ele renunciou a seu estilo de vida aristocrático e enfrentou críticas de sua esposa.
- Tolstói faleceu na estação de trem de Astapovo após uma viagem no trem, sendo acompanhado por médicos e recebendo injeções de morfina e cânfora.
- Ao longo de sua vasta bibliografia, ele abordo a morte através de diferentes perspectivas.
Como Tolstói morreu?
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Liev Tolstói faleceu no dia 20 de novembro de 1910 aos 82 anos de idade, devido a complicações causadas por pneumonia. Em seus últimos dias, ele expressou pensamentos e discutiu sobre a morte, renunciando seu estilo de vida aristocrático e enfrentando críticas de sua esposa, que tinha discordâncias com seus ensinamentos e sentia inveja da atenção que ele dedicava aos discípulos “tolstoianos”.
No último dia de sua vida, Tolstói deixou sua casa durante a noite de inverno, aparentemente buscando escapar das críticas de sua esposa. Ele embarcou em um trem com destino ao sul, e após uma viagem de um dia, chegou à estação de trem de Astapovo, onde veio a falecer.
O chefe da estação o levou para seu apartamento, onde seus médicos pessoais chegaram e lhe administraram injeções de morfina e cânfora na tentativa de aliviá-lo do sofrimento causado pela pneumonia.
O acesso ao cortejo fúnebre de Tolstói foi limitado pela polícia, mas milhares de camponeses se alinharam nas ruas para prestar suas homenagens a este grande escritor.
Alguns relatos afirmam que Tolstói dedicou suas últimas horas de vida a pregar sobre o amor, a não-violência e o “georgismo” para seus companheiros de viagem no trem.
A morte na obra de Tolstói
Ao longo de sua vida, Tolstói manifestou uma obsessão com a morte, provavelmente influenciado por sua experiência como testemunha de guerra, a perda de seu irmão e o presenciamento de mortes horríveis.
Em seus livros, podemos encontrar a presença desse tema em zonas de guerra, paisagens pastorais, cortiços e propriedades familiares. Através dessas diferentes ambientações, Tolstói mostra como a morte está presente em todos os aspectos da vida humana, independentemente do contexto em que nos encontramos. Ao trazer essa reflexão para seus textos, Tolstói incentivava um questionamento sobre como vivemos e amamos diante da consciência de que nossa existência é finita.
Algumas de suas obras mais conhecidas em que a morte é abordada são: “Infância, Adolescência, Juventude”, “Guerra e Paz”, “Anna Karenina” e “A morte de Ivan Ilitch”. Nestes livros, Tolstói mergulha na temática da morte a fim de explorar diferentes aspectos da existência humana e a forma como lidamos com a finitude.
A obra “A morte de Ivan Ilitch” é particularmente memorável quando se trata desse tema. Através da história de Ivan Ilitch, um homem que percebe o vazio de sua vida apenas no momento em que está no leito de morte, Tolstói nos leva a questionar a forma como enxergamos a vida e a inevitabilidade da morte. Será que todos teremos o mesmo desfecho de Ivan Ilitch, percebendo apenas no final da vida o quanto deixamos de aproveitá-la?
Além de suas obras literárias, Tolstói também discutiu a morte em sua autobiografia “Confissão“. Neste texto, ele explora o medo e a inevitabilidade da morte, compartilhando seu dilema pessoal com o suicídio e sua experiência de testemunhar uma execução em Paris. Para ele, a mortalidade humana parecia, acima de tudo, um dilema filosófico.